1960:FRANK MACFARLANE BURLET e PETER BRIAN MEDAWAR

09/10/2019
1960:FRANK MACFARLANE BURLET e PETER BRIAN MEDAWAR

Artigo científico escrito por:
ARAÚJO, Raimundo Renato Ramos
DEVANTIER, Marcelo Leszczinski  
NAVARINI, Henrique

Resumo:


Este presente artigo contempla o premio Nobel de medicina e fisiologia de 1960  que foi concedido aos cientistas Frank Macfarlane Burnet  e Peter Brian Medawar que trabalharam extensivamente na área da imunologia conduzindo estudos que demonstraram o mecanismo de tolerância imunológica adquirida. E isso proporcionou as bases experimentais sobre a indução da tolerância imunológica, levando ao desenvolvimento de novas terapias para o transplante de órgãos. 
Palavras-chave: Frank Macfarlane Burnet , Peter Brian Medawar, imunologia, seleção clonal,imunidade natural, imunidade adquirida, tolerância imunológica, premio Nobel Medicina de 1960.         

Abstract:

This article includes this awarded the Nobel Prize for medicine and physiology in 1960 that was given to scientists Frank Macfarlane Burnet and Peter Brian Medawar who worked extensively in the field of leading immunology studies have shown that the mechanism of acquired immune tolerance. And it provided the experimental bases on the induction of immune tolerance, leading to the development of new therapies for the transplant of organs. 
Keywords: Frank Macfarlane Burnet, Peter Brian Medawar, immunology, clonal selection, natural immunity, acquired immunity, immune tolerance, Nobel Medicine prize for 1960.
 

Biografias:

Frank Macfarlane Burnet nasceu em Traralgon, Austrália; seu pai, Frank Burnet, um imigrante escocês, foi gerente do Colonial Bank. Ele foi o segundo de sete irmãos e era chamado, quando criança, de "Mac". Os Burnets mudaram-se para Terang, em 1909. Burnet interessou-se pela vida selvagem e passou a coletar besouros e a estudar biologia. Lendo artigos de uma enciclopédia, interessou-se sobre os trabalhos de Charles Darwin. Sempre estudou em escolas públicas, até receber uma bolsa integral de estudos no Geelong College, uma das mais conceituadas escolas privadas.
Em 1917 ingressou na Universidade de Melbourne para estudar medicina. Lá, aprofundou seus estudos sobre os trabalhos de Darwin, sendo influenciado por suas idéias de ciência e sociedade, e também pelos livros de H.G. Wells. Enquanto estava na universidade, ele tornou-se um agnóstico; era cético quanto à religião, considerando-a como "um esforço para acreditar que o que o senso comum diz não é a verdade."  O tempo de curso necessário para graduar-se em medicina havia sido reduzido, com o objetivo de treinar médicos mais rapidamente devido às doenças da I Guerra Mundial. Burnet graduou-se como Bacharel em Medicina e Bacharel em Cirurgia em 1922, e como um doutor em Medicina em 1924. Neste mesmo ano foi nomeado patologista residente no Hospital de Melbourne, cujos laboratórios eram parte do Walter e Eliza Hall Institute. Ele conduziu então uma pesquisa sobre a febre tifóide, publicando seus primeiros trabalhos científicos nesta época.
O diretor do instituto, Charles Kellaway, sugeriu que Burnet adquirisse experiência trabalhando em um laboratório na Inglaterra, antes que pudesse conduzir sua própria investigação de grupo na Austrália. Burnet deixou a Austrália e foi para a Inglaterra em 1925, servindo como cirurgião do navio durante toda a sua viagem. Na chegada, arrumou um emprego como assistente do curador do Lister Institute em. Em 1926 foi premiado com o Beit Memorial Fellowship pelo Lister Institute e pode então iniciar uma pesquisa, em tempo integral, sobre bacteriófagos. Recebeu o título de PhD da Universidade de Londres em 1928 e foi convidado para escrever um capítulo para o Medical Research Council com o título System of Bacteriology (em português, Sistema de Bacteriologia). Enquanto em Londres, Burnet se envolveu com a colega australiana Edith Linda Druce. Casaram-se em 1928 e regressaram após para a Austrália. O casal teve um filho e duas filhas.
Peter Brian Medawar nasceu no dia 28 de Fevereiro de 1915 – faleceu em Londres no dia 2 de Outubro de 1987. Foi um cientista inglês, nascido no Brasil no Rio de Janeiro no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, onde viveu até os 14 anos de idade ao lado de seus pais, que permaneceram na cidade por 40 anos, sempre morando na rua João Caetano, no bairro do Caxambu. Em 1928 foi para Inglaterra aonde se naturalizou inglês. Na inglaterra, Medawar completou seus estudos no Marlborough College e na Universidade de Oxford, no Magdalen College, formando-se em zoologia em 1932. Durante a segunda guerra estabeleceu as bases imunológicas da rejeição dos transplantes de pele. Em 1953 publicou o artigo que lhe valeu o nobel de Medicina em 1960 por estabelecer as bases de Tolerância Imunológica.

Introdução:   

A imunidade representa proteção a doenças, mais especificamente doenças infecciosas.E o estudo da imunidade ou seja os eventos moleculares e celulares que ocorrem quando o organismo entra em contato com microrganismos ou macromoléculas estranhas e as barreiras físicas, células e moléculas responsáveis pela imunidade constituem o sistema imune. Frank Macfarlane Burnet e Peter Brian Medawar receberam em 1960  o Nobel de fisiologia ou medicina, demonstrando o mecanismo de tolerância imunológica adquirida. 

Desenvolvimento:
 

Burnet estava interessado na forma como o organismo humano produz anticorpos em resposta aos antígenos. A ideia dominante na literatura, durante a década de 1940, era a de que o antígeno agia como um modelo para a produção de anticorpos, o que ficou conhecido como a hipótese de "instrução". Burnet não estava satisfeito com esta explicação, e na segunda edição de seu livro "The Production of Antibodies", ele e Fenner criaram um modelo indireto, propondo uma teoria em que cada antígeno poderia influenciar o genoma, afetando assim a produção de anticorpos
Na IMUNIDADE NATURAL, a eliminação do patógeno ocorre por neutralização e/ou destruição. A neutralização ocorre por ação de muco, líquidos corporais e complemento presentes em locais estratégicos. A destruição é responsabilidade das células fagocitárias que fazem a lise inespecífica dos patógenos. Quando existe uma distinção especifica e seletiva as moléculas pertencentes ao seu próprio tecido de substâncias estranhas que são chamada antígenos temos a chamada IMUNIDADE ADQUIRIDA. Os receptores que reconhecem os antígenos são estruturas moleculares presentes em células especializadas que nos vertebrados são populações chamadas linfócitos. Estas são células que em cooperação com células não linfóides, como macrófagos, reagem com os antígenos, provocam uma multiplicação celular (proliferação clonal) e desenvolvem uma reação ou RESPOSTA IMUNE. Esta é caracterizada pela síntese de sub-populações de linfócitos chamados T e B com moléculas que reconhecem especificamente o antígeno que iniciou sua síntese. Os linfócitos B se diferenciam em plasmócitos e fazem uma RESPOSTA IMUNE HUMORAL e os receptores formados nos linfócitos T fazem uma RESPOSTA IMUNE CELULAR.
Os ANTÍGENOS são moléculas naturais ou sintéticas, inofensivas ou nocivas (toxinas ou outras substâncias agressivas) para o organismo, isolados ou constituídos por vírus, bactérias, organismos procarióticos ou eucarióticos que parasitam o indivíduo ou as células animais. Transplantes ou tumores provenientes de doadores da mesma espécie do receptor são chamados ALOANTÍGENOS e de espécies diferentes de HETEROANTÍGENOS. Eventualmente células do próprio organismo sofrem mudanças fisiológicas ou patológicas (reações auto-imunes) e são consideradas estranhas e são chamadas AUTOANTÍGENOS. A rejeição ao transplante é um exemplo típico de reação auto-imune. 
Burnet começou a escrever sobre imunologia nos anos 1940. Em 1941, ele escreveu uma monografia denominada "The Production of Antibodies", (em português, A Produção de Anticorpos), que foi revisada e reeditada em 1949 tendo Frank Fenner como co-autor. Este livro é considerado uma das principais publicações em imunologia - marcando a mudança no estudo da imunologia, de um contexto predominantemente quimico, para outro mais focado na biologia. Um aspecto importante neste trabalho foi o de introduzir o conceito de "self" (próprio do organismo) e "non-self" (adquiridos) na imunologia. A distinção entre estes conceitos foi derivada da visão biológica de Burnet e de seu interesse na integralidade do organismo vivo. 
Peter Medawar, Rupert E. Billingham e Leslie Brent realizaram em 1953 estudos demostrando que splenocytos poderiam ser injetados no útero de ratos ou logo após o nascimento, e que estes ratos podiam então aceitar pele e outros tecidos do doador, mas não de qualquer outro animal. Burnet e Medawar receberam em 1960 o Prêmio Nobel de Medicina por este trabalho, que promoveu bases experimentais para a indução de tolerância do sistema imunológico ao transplante de órgãos.

Conclusão 

A tolerância imunológica é definida como a incapacidade específica adquirida total ou parcialmente por um indivíduo a desenvolver uma resposta imune humoral normal ou a mediação celular a um antígeno ou a diversos epítopos de um certo antígeno contra o(s) qual(s) ele normalmentes se desenvolveria uma resposta em outras condições. É importante sublinhar que em um indivíduo dito tolerante sua capacidade de responder a outros antígenos administrados ao mesmo tempo que o primeiro podem não ser bloqueado seu potencial de resposta imune. Em outras palavras a tolerância imunologica é também específica a um antígeno.
Utilizando estes conceitos, Burnet formulou a hipótese de que em algumas situações o corpo pode falhar, produzindo anticorpos contra suas próprias células, resultando em doenças que são conhecidas atualmente como "auto-imunes". 
Este trabalho proporcionou bases experimentais sobre a indução da tolerância imunológica, levando ao desenvolvimento de novas terapias  no campo da imunologia e virologia para o transplante de tecidos e orgãos. 
Referências bibliográficas:
www.nobelprize.com
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nobel
www6.ufrgs.br/bioquimica/posgrad/BTA/imunologia

Orientador:
Jorge Alberto Salton
 

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