NÃO QUERIA SER MÉDICO

NÃO QUERIA SER MÉDICO

30/03/2021
NÃO QUERIA SER MÉDICO
NÃO QUERIA SER MÉDICO
Foram outros que escolheram a profissão que eu deveria seguir, contrariando minha vontade. E acertaram. Tanto é que estou nela até hoje. Como gostava de escrever, ainda adolescente publicava crônicas no jornal “O Nacional”, pensava em fazer Jornalismo, talvez Direito, mas nunca Medicina.
Acontece que no ano que eu concluía o ensino médio, iniciava faculdade de medicina em Passo Fundo. Como era bom aluno - porque era eu não sei - alguns professores começaram a me dizer: “Por que não faz vestibular para medicina?”. Uma competição surda estava por acontecer entre os colégios da cidade. Quem aprovaria alunos naquele vestibular tão concorrido?
Meu pai, que nunca opinava sobre meu futuro, em um almoço me disse: “É possível que você passe no vestibular para medicina”. A contragosto, inscrevi-me em Passo Fundo e em Santa Maria. Era um sacrifício. Mas havia aí também minha vaidade.
Antes do resultado, achei que não havia passado, estava aliviado. Depois, acabei passando nas duas, minha alegria foi substituída por uma amargura. Inclusive, ao saber das minhas aprovações, meu pai abriu um whisky e chamou alguns vizinhos. Enquanto a minha festa acontecia na sala, eu dormia no quarto. Tentava dormir, pois a sensação era de que eu havia “entrado numa fria”. Havia se aberto um caminho para mim, mas não era o “meu” caminho.
Habituado ao estudo, ia às aulas, estudava para as provas e passava por média. Mas não estava, de fato, “dentro da medicina”. No segundo ano, reuni-me em um bar com um colega que estava nos últimos anos da faculdade e confessei: “Você é o primeiro a saber. Vou desistir”. Seus olhos arregalaram-se e ele ficou em pé para me xingar. Achou tamanho absurdo alguém desistir em plena faculdade de medicina que eu me espantei. Quem sabe era um absurdo mesmo.
Não contei para mais ninguém e resolvi continuar mais um pouco. E aí operou-se o “milagre”. Uma experiência modificadora de vida (EMV) fez-me mudar do dia para a noite. Entrei para valer na medicina. Eu que nunca “quis trilhar esse caminho”, estou nele há algumas boas décadas. Conto essa experiência em O PACIENTE QUE ME FEZ MÉDICO.
Abração.
 
 
 
 
Rejane Beatriz Tergolina Salton, Elenir Souza e outras 252 pessoas
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